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Entretenimento / Aparelhos tecnológicos

Produções alertam os pais sobre o uso excessivo de aparelhos tecnológicos na adolescência

A terapeuta Wanessa Moreira comentou um pouco mais sobre o uso excessivo de aparelhos tecnológicos na adolescência

Redação Publicado em 16/03/2023, às 12h03

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Cena da novela 'Travessia - Reprodução/TV Globo
Cena da novela 'Travessia - Reprodução/TV Globo

Atualmente, a tecnologia já faz parte da vida das pessoas. Em muitos casos, a ferramenta se torna membro familiar, algo que não poderia acontecer, mas, infelizmente, acaba se tornando o pesadelo de muitos. O que era para acrescentar de forma positiva e inovadora, o cotidiano acaba em afastamento social, crises de ansiedade, brigas familiares e outros fatores que afetam o usuário e as pessoas próximas.

De olho nos acontecimentos, algumas novelas e filmes estão abordando a temática como um alerta para os familiares e amigos — “Travessia”, “Poliana Moça” e “Megan” jogam luz para a problemática.

“Os jogos online podem ser um caminho para o futuro, até mesmo para construir uma carreira. Então ao abordar os nativos digitais com as expressões ‘jogar não vai te levar a nada’ ou ‘não perca o seu tempo com isso’, acabam não sendo tão assertivas na hora de impor os limites para jogar. Um alerta para muitas famílias que em grande parte dos casos têm medo de abordar os adolescentes. Já acompanhei falas de jovens quando os pais tentavam limitar o tempo de jogo, que diziam que se matariam se não pudessem jogar. No mínimo muito sofrido e complicado, pois como saber a realidade por trás dessa fala?”, questiona a terapeuta Wanessa Moreira.

O personagem Theo, da novela “Travessia”, exibida na Rede Globo, interpretado pelo ator Ricardo Silva, vem causando muitas reações nos telespectadores, fato que até então, muitos pais não sabiam como lidar e agora com o tema exibido em rede nacional estão procurando ajuda, pois possuem casos parecidos em casa.

O personagem é viciado em videogame, se fechando em seu universo virtual, deixando para trás seu relacionamento familiar e social, afetando não só sua saúde, mas também a de seus familiares. O vício excessivo em tecnologia (celular, internet, games) é classificado como doença, desde janeiro de 2022 pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

“O limite não pode ser desconectar o computador — é preciso construir com o adolescente um novo caminho de interesse. Levar para um esporte acompanhado de um profissional de preferência que tenha uma boa conexão com jovens nessa fase — para ser atrativo. Muitas vezes a terapia e o acompanhamento psiquiátrico se fazem necessários, para diminuir a ansiedade gerada pelo jogo em si. Exercícios familiares podem ser uma boa alternativa para ‘desplugar’ da internet”, complementa Wanessa Moreira.

Após sair do mundo virtual e ficar em contato com a natureza, Theo tem uma crise de abstinência, fazendo com que seus pais procurem ajuda imediatamente, pois o adolescente, em muitos dos casos, fica agressivo por ter seu vínculo tecnológico interrompido. A dependência começa a afetar o desenvolvimento escolar, gerando sérios problemas.

O personagem Benicio, da trama infanto-juvenil “Poliana Moça”, interpretado pelo ator Vinicius Siqueira, vem passando por algo parecido, mas que acendeu o alerta para que os pais fiquem atentos para o uso excessivo de celulares — o adolescente vive em suas redes sociais, mas ao receber vários comentários maldosos em suas postagens, se vê na obrigação de responder um a um, deixando sua vida social de lado para focar no mundo virtual. Na novela, amigos tentam ajudar, para que o mesmo não caia na armadilha cibernética, avisando sobre o fato para a mãe do garoto.

“Acompanhei uma jovem que estava 'presa' em uma fase do jogo que ela precisava passar por um abismo. Ela treinava todos os personagens do jogo para se fortalecer e ter condições de passar pelo obstáculo. Na terapia consegui fazer a relação com o momento que ela estava vivendo em sua vida — no caso uma dívida enorme profissional, com isso gerou uma dificuldade de colocar essa questão para o pai que pagava as suas despesas, por isso esse abismo de não saber o que fazer com seu futuro a partir daquele momento. Enquanto ela treinava os personagens, inconscientemente ela procurava se fortalecer dentro da mente para lidar com o seu próprio abismo pessoal”, diz a terapeuta.

No longa “Megan” que estava em cartaz recentemente nos cinemas, conta a história de uma boneca feita através da inteligência artificial, que serve para suprir a carência afetiva das crianças, se tornando sua verdadeira amiga. A criadora do brinquedo presenteia sua sobrinha, pois não tem tempo para brincar, conversar e interagir com a criança, fazendo com que a mesma se isole em seu universo paralelo, se tornando um ser humano triste, podendo gerar vários problemas psicológicos.

São inúmeros os alertas que o entretenimento está oferecendo a população para que o uso excessivo de aparelhos tecnológicos seja controlado e sejam usados de forma responsável, para que essa geração cresça de forma saudável e consciente.

“A terapia e o fato de observar exatamente o que está chamando a atenção pode ser produtivo para que o adolescente perceba o que está causando aquela dificuldade e dependência com o aparelho”, conclui Wanessa Moreira.