Descubra como é feita a antiga técnica utilizada na franquia 'A Fuga Das Galinhas' e 'A Concierge Pokémon', da Netflix: o Stop Motion!
Izabela Queiroz Publicado em 05/01/2024, às 11h01
Há mais de duas décadas, o filme "A Fuga das Galinhas", foi lançado pelo estúdio Aardman em parceria com a DreamWorks Animation em 2000, alcançando enorme sucesso ao trazer uma trama divertida ao mesmo tempo que traz sequências repletas de tensão enquanto acompanha Ginger, uma galinha que vive com muitas outras em um galinheiro de uma fazenda inglesa dos anos 1950, onde sonha com a liberdade e cria um plano para fugir do local voando com suas companheiras para realizar seu desejo.
Com enorme aclamação, é claro que a obra pediu uma continuação — essa chegou 23 anos depois da história original. Intitulada “A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets”, a história estreou diretamente no catálogo da Netflix em 8 de dezembro de 2023, sendo uma sequência direta de sua antecessora ao acompanhar Ginger se unindo as outras galinhas para salvar sua família, e todo o galinheiro, de um novo perigo iminente.
Mas, você sabia que ambas as animações não foram criadas por meio de computação gráfica? Na verdade, as duas produções usam os princípios da animação tradicional, onde há uma sequência de imagens estáticas com pequenas diferenças entre si, que criam a ilusão de movimento, mas em vez de um desenho em cada quadro, a técnica desses longas-metragens usa bonecos!
Estamos falando do Stop Motion, técnica cinematográfica que remonta aos primórdios do cinema (sim, ela existe há mais de 100 anos!) e pode ser utilizada não só com bonecos, mas com figuras de argila, recortes de papel e também pessoas, visto que esses podem ser movidos e fotografados manualmente.
Um dos exemplos mais antigos dessa técnica, surge com o curta-metragem “Viagem à Lua”, lançado em 1902 pelo mágico e ilusionista francês George Mélies, que usou o Stop Motion para mostrar a chegada na Lua de um foguete com tripulação humana.
O processo para a criação de filmes com essa técnica é bem lento, visto que é necessário seguir uma ordem clara: criar o set de gravação e personagens, depois captar as imagens quadro a quadro com pequenos ajustes de câmera, luz e personagem a cada nova fotografia, e por fim a edição e pós-produção. Tanto é que o segundo filme da franquia “A Fuga das Galinhas” teve o anúncio de produção divulgado em 2018, levando então cerca de 5 anos de desenvolvimento para chegar as telinhas.
Nada é simples! Os cenários são geralmente construídos em pequenas escalas, como maquetes, por exemplo, para que a escala seja proporcional ao tamanho dos personagens, como aconteceu com filmes como “Coraline e o Mundo Secreto” e “O Estranho Mundo de Jack”.
Além disso, é comum que os personagens tenham estruturas articuladas para haver diversas possibilidades de movimentação dessas figuras quadro a quadro. Também é possível que os bonecos tenham várias versões de partes do corpo ou expressões faciais para que se adaptem melhor a necessidade do roteiro.
Um exemplo prático desse uso pode ser visto em ‘A Concierge Pokémon’, animação da Netflix, que apresenta o universo Pokémon incluso em uma história nova: afinal, aqui as criaturas passam as férias em um resort pensado para que eles possam relaxar e se divertir, onde o personagem principal, Haru, contou com aproximadamente 30 peças diferentes de expressões faciais.
Nos personagens humanos, além dos movimentos corporais, queríamos exibir expressões faciais, por isso criamos várias peças para elas", destaca Shuhei Harada, responsável pela movimentação dos bonecos nas filmagens no Making Of da série disponível no YouTube.
Por fim, após todos os clicks serem feitos, a edição e pós-produção entram em cena! Aqui, há a inclusão de efeitos sonoros e outros efeitos, assim como há a organização dos quadros na ordem correta, e ajustes na velocidade de reprodução serem realizados, afinal há cada segundo de duração da produção, é necessário haver ao menos 12 quadros para que a ilusão de movimento seja feita!
