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Tarsilinha, filme inspirado na obra de Tarsila do Amaral, estreia hoje (17)

Com trilha de Zezinho Mutarelli e Zeca Baleiro, o filme chega aos cinemas no ano do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922

Redação Publicado em 17/03/2022, às 11h26

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Imagem promocional da animação 'Tarsilinha' (2022) - Divulgação/H2O Films
Imagem promocional da animação 'Tarsilinha' (2022) - Divulgação/H2O Films

A relevância histórica e cultural de um dos principais nomes das artes plásticas do Brasil se converte em uma lúdica aventura em Tarsilinha, animação de Celia Catunda e Kiko Mistrorigo. O longa-metragem, produzido pela Pinguim Content, explora durante a trama todo o universo visual da modernista Tarsila do Amaral(1886 – 1973). A personagem principal do filme mergulha na experiência sensorial proporcionada por obras da artista para tratar de temas como memória, amadurecimento e coragem.  

“O filme não tem uma narrativa apenas infantil. Há um segundo nível de leitura que você pode tratar e interpretar bastante sobre a assimilação de culturas diferentes para a criação de coisas novas ou sobre a memória”, explica Celia.

Kiko sublinha o fato de Tarsilinha chegar ao público no mesmo ano em que é comemorado o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922: “A coincidência de datas é uma grande oportunidade de mostrarmos a nossa grande artista para as novas gerações e como ela estava à frente do seu tempo”. 

Os diretores também são os responsáveis pelas animações infantojuvenis Peixonauta e Show da Luna. Tarsilinha fez sua estreia internacional no Festival de Xangai (China), foi escolhido o melhor longa-metragem de animação latino-americano no Festival Chilemonos (Chile) e selecionado para o Festival de Chicago (EUA). A animação não conta a vida da artista plástica — cuja obra é reconhecida como uma das mais importantes para o Modernismo no Brasil —, mas assume como ponto de partida a paisagem rural, com a qual Tarsila do Amaral conviveu de fato, para apresentar a protagonista e sua mãe.  

A experiência dos espectadores do filme tem como base a paleta de cores, o traçado e as nuances das obras. A aventura começa quando a personagem principal, homônima ao filme, tenta recuperar os bens mais preciosos de sua mãe: as suas mais marcantes recordações. O desafio passa a ser superar os obstáculos para conseguir resgatar esse tesouro e voltar para casa. Para alcançar esse objetivo, Tarsilinha se depara com vilões perigosos.  

Tarsilinha e Saci Pererê com cara de espanto
Cena da animação 'Tarsilinha' / Crédito: Divulgação/H2O Films

No entanto, ao longo da jornada, aparecerão valentes aliados, sem os quais não será possível driblar os obstáculos. Tantos os aliados quanto os oponentes de Tarsilinha nesse percurso ganham vida a partir de quadros da modernista. Da obra “A Cuca”, por exemplo, saem os vilões Lagarta e Tatu Pássaro. Daquele cenário, imaginado por Tarsila do Amaral, também surge o Sapo, fiel parceiro da protagonista diante de tamanhas adversidades. Os ambientes que compõem o longa-metragem também estão presentes em outros itens do acervo da artista. 

“O próprio roteiro foi criado em cima do passeio sobre essas obras que a gente escolheu. Então a gente estruturou o filme em macro ambientes, que eram os quadros”, comenta Celia. As vozes dos personagens também são o destaque da animação. A Lagarta é interpretada pela atriz Marisa Orth, ao passo que o funcionário da estação de trem recebe a voz do apresentador Marcelo Tas. “A locução é determinante para um personagem na animação. O nosso caminho até as escolhas foi muito intuitivo e criterioso ao mesmo tempo”, reconhece Kiko.    

Obras de referência

“A Cuca” 

Saíram da paisagem dessa obra de 1928 alguns dos principais personagens do filme, a exemplo do Sapo, da Lagarta, do Tatu Pássaro e da própria Cuca. Pertence à fase Pau Brasil da artista e, atualmente, consta no acervo do Musée de Grenoble, na França. 

“O Lago”

Em Tarsilinha, simboliza o ponto de inflexão para a aventura da protagonista. A peça original, que faz parte da fase Antropofágica da artista, está no acervo de Hecilda e Sergio Fadel, no Rio de Janeiro. A obra veio a público pela primeira vez em 1928. 

“Sol Poente” 

A paisagem da obra da coleção Geneviève e Jean Boghici, no Rio de Janeiro, compõe um dos cenários que Tarsilinha e seus companheiros precisam atravessar para alcançar o objetivo final antes do retorno à fazenda da mãe da personagem principal. A tela é de 1929. 

“Abaporu” 

É considerada a peça mais valiosa das artes plásticas brasileiras. A sua elaboração data de 1928. Em Tarsilinha, a atmosfera do quadro serve de referência para o momento crucial na busca pelas memórias da mãe da protagonista. Está atualmente no Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Malba).