Ziraldo, criador do Menino Maluquinho, faleceu neste sábado, 6, aos 91 anos de idade. Conheça a história de seu personagem mais famoso!
Daniela Bazi Publicado em 06/04/2024, às 20h49
Neste sábado, 6, o Brasil foi surpreendido com o anúncio da morte do desenhista e escritor Ziraldo, criador do “Menino Maluquinho”, aos 91 anos de idade. De acordo com informações reveladas pela família, o autor faleceu por volta das 15h, por causas naturais, enquanto dormia em seu apartamento no Rio de Janeiro.
O velório do grande nome da literatura brasileira acontecerá amanhã, 7, no MAM — Museu da Arte Moderna do Rio de Janeiro, a partir das 10h, com abertura para o público. O sepultamento, reservado apenas para familiares e amigos próximos, está marcado para as 16h30, no Cemitério São João Batista, em Botafogo.
Apesar de ter lançado inúmeras obras extremamente populares, um de seus maiores sucessos foi “O Menino Maluquinho”, lançado em 24 de outubro de 1980, em seu aniversário de 48 anos.
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A obra, que conta a história do menino “que tinha o olho maior que a barriga, fogo no rabo e vento nos pés”, é considerada um dos maiores fenômenos de todos os tempos do mercado editorial brasileiro, contando com 129 edições publicadas em mais de 10 países, e mais de 4 milhões de unidades comercializadas, além de receber adaptações para o cinema, teatro, games e televisão.
Conforme repercutido pelo G1, Ziraldo revelava em entrevistas que teria tido a ideia de criar o Menino Maluquinho conversando consigo mesmo, enquanto fazia a barba. O garoto que “sabia tudo, só não sabia ficar quieto”, representava a vida de muitas crianças e pré-adolescentes brasileiros, enfrentando problemas típicos da idade como a separação dos pais, notas, escola, brincadeiras e as primeiras namoradas — que, segundo as histórias, ele tinha 10!
Em entrevista ao GLOBO, o autor revelou que o personagem permaneceu relevante por tanto tempo por ser fácil de se identificar.
“Acredito que o Maluquinho teve esse alcance durante tanto tempo por despertar identificação nos leitores. As crianças olham para o personagem e pensam: ‘Opa, isso é comigo’, ou ‘eu sei o que ele está sentindo’. Acho que o principal é fazer as crianças se emocionarem e verem isso como uma coisa boa”, comentou Ziraldo.
Ziraldo Alves Pinto nasceu em Caratinga, Minas Gerais, em 24 de outubro de 1932, filho de Zizinha e Geraldo, e o mais velho de sete irmãos. Seu nome, é uma criativa união dos nomes de seus pais.
Apaixonado por desenhar desde pequeno, teve seu primeiro desenho publicado quando tinha apenas 6 anos, em 1939, no jornal Folha de Minas. Em 1957, formou-se em direito, porém, naquela época, sua carreira já estava voltada para os desenhos. No mesmo ano, passou a trabalhar nas revistas “A Cigarra” e “O Cruzeiro”, publicando charges políticas e cartuns. No ano seguinte, se casou com Vilma Gontijo, com quem teve três filhos: Daniela, Fabrizia e Antônio.
Já na década seguinte, surgiram os personagens Mineirinho, Supermãe e Jeremias. Foi nessa época também que publicou a primeira revista brasileira infantil, a “Turma do Pererê”, encerrada em 1964 devido à ditadura militar. Com o fim da primeira publicação, fundou ao lado de outros humoristas o “O Pasquim”.
Durante a ditadura, participou da luta pela democracia, chegando até a ser detido em 13 de dezembro de 1968, um dia após o AI-5. Seus desenhos eram compostos por textos ácidos e ilustrações repletas de deboche, algo que não agradava o governo da época.
Um de seus maiores sucessos, “O Menino Maluquinho”, chegaria apenas em 1980. O personagem, considerado como um dos maiores fenômenos de todos os tempos do mercado editorial brasileiro, se tornou tão popular que saiu das páginas, e ganhou adaptações em games, cinema, teatro e televisão.
