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Entretenimento / The Last of Us

Pandemia de fungos de 'The Last of Us' pode acontecer na vida real?

O fungo Cordyceps realmente existe fora do universo 'The Last of Us', mas será que ele pode devastar a vida humana? Descubra a resposta!

Izabela Queiroz Publicado em 21/01/2023, às 15h00

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Pôster de 'The Last of Us' - Divulgação/ HBO Max
Pôster de 'The Last of Us' - Divulgação/ HBO Max

Levada às telas como uma adaptação do jogo homônimo da Naughty Dog, a série ‘The Last of Us' chegou ao catálogo do HBO Max no último domingo, 15, apresentando ao público os personagens Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey) envoltos na trama pós-apocalíptica criada por Bruce Straley e Neil Druckmann em 2013.

A história mostra que a terra tem a sua existência ameaçada por uma pandemia fúngica que surgiu 20 anos atrás após a mutação de um fungo chamado Cordyceps. Esse organismo infectou misteriosamente grande parte da população, e ao controlar o sistema nervoso dos hospedeiros, quase levou a vida humana ao fim.

Isso porque, o fungo continua crescendo dentro do corpo do infectado, e aqueles que abrigam o organismos dentro de si, passam a agir de forma violenta em busca de novos hospedeiros para o fungo, já que eles se tornam veículos de transmissão, passando o parasita para outros corpos através de mordidas, — realmente como um zumbi.

Ainda que a trama seja fictícia, Neil Druckmann teve inspiração para o desenvolvimento da história um parasita fúngico que realmente existe e recebe a fama de ‘fungo zumbi’, o Ophiocordyceps unilateralis.

Ophiocordyceps o que?

Muitas vezes chamado apenas de Cordyceps, o fungo foi descoberto em 1859 pelo naturalista britânico Alfred Russel Wallace. Esse tipo de parasita tem como alvo os insetos, como aponta o Correio Brasiliense, que afirma que o fungo tem como principais vítimas as formigas carpinteiras, da tribo componutus viventes na América, Europa e África.

A informação acima foi descoberta por Druckmann enquanto ele assistia o documentário de 2008, 'Planet Earth', onde o fungo parasita o corpo de uma formiga e continua se desenvolvendo dentro do organismo do inseto, se espalhando para fora da cabeça do animal.

É real – é real na medida em que tudo o que ele diz que o fungo faz, eles fazem. E eles atualmente fazem isso e têm feito isso desde sempre. Existem alguns documentários notáveis que você pode assistir que são bastante aterrorizantes”, afirmou Craig Mazin, o roteirista da série, em entrevista ao Hollywood Reporter, reafirmando que a inspiração para a criação de ‘The Last of Us’ tem fundamentos científicos.

Além disso, no mesmo bate-papo, Mazin levantou a questão que assombra os amantes do game há algum tempo. “Agora o seu aviso – e se eles evoluírem e entrarem em nós? — De um ponto de vista puramente científico, fariam exatamente conosco o que fazem às formigas?”, indagou ele.

A resposta está na ciência

Ainda que o fungo exista no mundo animal, a chance dele causar os mesmos efeitos na população humana vistos no game e na série são extremamente baixas, conforme explicam especialistas em uma matéria publicada pela Variety.

Isso porque, a possibilidade de ocorrer algo semelhante fora das telas depende de uma readaptação dos fungos para sobreviverem em temperaturas mais altas, visto que, de acordo com o professor da Penn State University, na Pensilvânia, David P. Hughes, a maioria dos fungos vivem em temperaturas mais frias do que os aproximados 37°C do ser humano.

E esse é realmente o caso do Cordyceps, visto que ele é encontrado principalmente em florestas tropicais e subtropicais, além do que, prefere parasitar animais ectotérmicos, ou seja, seres vivos que não são capazes de se aquecerem.

Hughes, que é especialista em Cordyceps, levantou ainda um outro fator que dificulta a existência de uma pandemia causada pelo ‘fungo zumbi’ ao afirmar que seria muito difícil qualquer parasita ter controle total do sistema nervoso humano.

A teoria concorda com o pensamento de Ilan Schwartz, professor da Escola de Medicina da Universidade Duke, nos Estados Unidos, já que na opinião do especialista em hospedeiros imunocomprometidos e infecções fúngicas invasivas, não seria possível que o parasita se adaptasse no corpo humano porque “nossas células são muito mais complexas do que de outros seres".