Ao contrário do que muitos acreditam, o tamanho do órgão não está relacionado à inteligência
O fato, comprovado pela ciência, pode parecer alarmante: nos últimos 20 mil anos, o volume médio do cérebro humano diminuiu de 1 500 centímetros cúbicos para 1 350 centímetros cúbicos, perdendo uma massa do tamanho de uma bola de tênis. No entanto, a maioria dos especialistas concorda que a descoberta só prova que os seres humanos passaram – e ainda passam – por um longo processo de evolução.
Os cientistas acreditam que uma das causas do encolhimento do cérebro foi a diminuição do tamanho médio do corpo humano. Maiores e mais fortes do que os seres modernos, os pré-históricos necessitavam de mais massa cinzenta para realizar suas atividades.
Por volta de 20 mil anos atrás, o aquecimento da Terra fez com que a seleção natural favorecesse pessoas de estruturas menores. Corpos volumosos são melhores em conservar calor e teriam sido favorecidos em um clima mais frio. Dessa forma, os esqueletos e crânios encolheram à medida que a temperatura aumentava.
Além disso, a mudança do ambiente e do modo de vida interferiu no tamanho do cérebro. Segundo David Geary, professor do Departamento de Ciências Psicológicas da Universidade do Missouri, um corpo forte e um cérebro grande eram características essenciais para a sobrevivência em um local hostil.
“Com o surgimento de sociedades complexas, o cérebro ficou menor porque as pessoas não precisavam ser tão inteligentes para se manterem vivas”, afirma Geary. E o cérebro, órgão que gasta grande quantidade de energia, não é mantido em tamanho maior a menos que seja extremamente necessário.
Além de não precisar fugir de predadores, caçar animais e lascar pedras, o ser humano moderno conta com meios externos de armazenamento e processamento de informações, como livros, computadores e celulares. Por isso, consegue sobreviver com um cérebro menor.
Para Brian Hare, professor de Antropologia Evolutiva da Universidade Duke, o encolhimento do cérebro não indica que o ser humano está ficando mais burro. Na verdade, ele indica que atingimos um nível mais eficiente e sofisticado de inteligência.
Com um órgão mais compacto, conseguimos trabalhar e nos organizar com mais rapidez do que nossos antepassados. Outra teoria é a de que cérebros menores proporcionam menos agressividade e melhor convivência social.
De acordo com Hare, o mesmo padrão pode ser observado nos animais. “Embora os lobos tenham um cérebro muito maior do que o dos cães, os cães são muito mais sofisticados, inteligentes e flexíveis. Isso mostra que a inteligência não está relacionada ao tamanho do cérebro”.