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Viva a História / História

Conheça o caso de Ninel Kulagina, a Eleven do mundo real

Fora do mundo invertido, uma cidadã russa também foi submetida a testes por seus poderes psíquicos; Entenda!

Redação Publicado em 07/06/2022, às 17h49

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Ninel Kulagina em vídeo publicado no Youtube e Eleven em cena de "Stranger Things" - Divulgação/ Youtube/ RyanChan/Netflix
Ninel Kulagina em vídeo publicado no Youtube e Eleven em cena de "Stranger Things" - Divulgação/ Youtube/ RyanChan/Netflix

Em “Stranger Things”, Eleven, a protagonista da série, é comparada a uma super-heroína por seus poderes tele cinéticos capazes de fazer objetos levitarem, abrir portais, e até mesmo derrotar as criaturas bizarras do Mundo Invertido, salvando a vida dos moradores de Hawkins dos terrores provindos dessa realidade alternativa.

Apesar de ter origens fictícias, a personagem heróica pode ter vivido no mundo real, visto que, longe das telonas, mas envolvida em conflitos que mudariam o futuro da humanidade, surgia Ninel Kulagina, uma ex-técnica de rádio soviética atuante na 2ª Guerra Mundial que afirmava ter habilidades paranormais controladas por sua mente.

Além de poder mover objetos, assim como Eleven, Kulagina passou por um longo estudo científico, a diferença entre as duas é que, no caso da cidadã russa, o processo foi realizado durante os anos 60 e era voltado a investigar os poderes da mente durante a Guerra Fria.

Como aconteceu?

Para entender os motivos da realização do projeto é necessário voltar ao período da Guerra Fria. Situado entre 1947 e 1991, o conflito foi protagonizado pelos Estados Unidos e pela União Soviética, países que nessa época estudavam formas de estar sempre um pé na frente de seu inimigo, conforme divulgado pelo Superinteressante.

Para isso, ambas as potências estudavam técnicas para superar seu poderio militar, fato que levou a conquista de respostas promissoras no campo das corridas espaciais e no desenvolvimento da telecomunicação.

No entanto, durante esses anos de intensos estudos, diversos temas foram abordados, surgindo assim a análise da paranormalidade e, consequentemente, a telepatia, ou “comunicação biológica”.

Essa capacidade era examinada em diversos locais, inclusive no Instituto de Pesquisa Cerebral na Universidade de Leningrado, na União Soviética, onde os russos iniciaram a exploração do assunto, pois buscavam encontrar formas de realizar contato com submarinos sem precisar de tecnologia, —nesse contexto surge Ninel Kulagina.

O estudo

Nascida em Leningrado (hoje São Petersburgo), em 1926, Kalagina passou a integrar o estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Cerebral na Universidade de Leningrado aos 33 anos de idade, onde foi avaliada por mais de 30 cientistas soviéticos entre 1960 e 1980.

Kalagina confessou ter capacidades mentais avançadas, contando que, desde muito pequena, observava objetos que estavam ao seu redor se moverem quando ela ficava brava, revelando inclusive que foi apenas com meditação, concentração e muitas dores na coluna (resultados do esforço) que ela conseguiu controlar seus poderes.

Assim, a fim de comprovar os incríveis poderes de Kalagina, diversos testes eram realizados, chegando inclusive a serem gravados por um dos cientistas envolvidos, o biólogo e parapsicólogo Edward Naumov.

Com a documentação em vídeo, o caso se tornou popular na época, tornando Kalagina imensamente conhecida, e proporcionalmente criticada, visto que a população passou a questionar a maneira como a avaliação era realizada. Nomes que incluiam o famoso desmascarador de charlatões, James Randi, que contestava as condições da pesquisa, informando que o ambiente não era controlado, facilitando com que a movimentação de bussolas, e outros objetos metálicos fossem facilmente manipulados com o uso de um imã ou através de fios de Nylon. Confira um dos vídeos!

Havia também a forte teoria de que Ninel poderia ser parte de propaganda soviética para amedrontar os Estados Unidos, ainda assim, nenhuma delas foi comprovada. A causa acabou gerando um processo movido por Kalagina em 1987, que não só abriu a ação judicial contra uma revista russa, mas também ganhou a causa após diversos cientistas envolvidos no projeto testemunharem a seu favor.

Apesar da vitória, os poderes da Kalagina nunca foram comprovados, fazendo com que a pesquisa morresse junto com o seu falecimento em 1990, causando por um ataque fulminante aos 64 anos.