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Como nós faziamos quando não existiam calças?

Hoje em dia é praticamente impossível imaginar viver sem a existência desta peça de roupa tão importante. Descubra como tudo funcionava antigamente!

Letícia Yazbek Publicado em 25/06/2021, às 09h00 - Atualizado às 09h47

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Imagem ilustrativa de pessoas utilizando calças - Pixabay
Imagem ilustrativa de pessoas utilizando calças - Pixabay

Seres humanos pré-históricos já utilizavam indumentárias há 100 mil anos. Folhas de plantas e peles de animais os ajudavam a se aquecer e se proteger de ataques de inimigos ou animais. Também representavam força e poder – a pele de um animal mostrava a vitória em uma batalha, por exemplo.

Por volta do ano 20 mil antes de Cristo, os seres humanos deixaram de simplesmente se cobrir com materiais que encontravam na natureza. Passaram a utilizar agulhas primitivas, feitas com ossos de animais, para confeccionar peças de pele e fibras de plantas, como o algodão.

Na Antiguidade — ano 3.000 antes de Cristo — povos da Europa, África e Ásia desenvolveram peças parecidas com vestidos, túnicas e robes. Egípcios e sumérios usavam retângulos de tecido feitos de linho, lã ou algodão, parecidos com lençóis e tingidos com pigmentos naturais.  Os homens amarravam essas peças no quadril, deixando o tronco nu, e as mulheres as usavam como um vestido preso às costas, que deixava os seios à mostra.

Até então, as calças não existiam e não faziam falta. As roupas eram confortáveis e supriam as necessidades da maioria dos povos. Mas a situação era diferente para nômades que viviam na Ásia Central. Eles foram os primeiros a domesticar cavalos e aprender a montá-los – estudos indicam que isso já acontecia em 3.500 antes de Cristo, nas regiões atuais da Ucrânia, Rússia e Cazaquistão. Para esses povos, que percorriam longas distâncias a cavalo, muitas vezes sob clima frio, os vestidos e túnicas eram pouco práticos.

Em 2014, escavações feitas nos túmulos do cemitério de Yanghai, na China, próximo ao rio Tarim, revelaram os dois pares de calças mais antigos de que se tem notícia – eles foram confeccionados por volta de 1400 antes de Cristo. As calças foram encontradas junto com os restos mortais de dois homens, que provavelmente eram pastores nômades.

Segundo o arqueólogo Victor Mair, da Universidade da Pensilvânia, a descoberta corrobora teorias anteriores de que as primeiras calças foram criadas para proteger o corpo e ter maior liberdade de movimento nas viagens a cavalo. “Esse novo trabalho definitivamente ampara a ideia de que as calças foram inventadas por pastores nômades, e depois foram levadas para a Bacia do Tarim”.

As calças encontradas em Yanghai têm pernas retas e virilhas largas, e se assemelham às calças utilizadas na equitação moderna. Os pares foram costurados a partir de três pedaços de tecido de algodão — dois para as pernas e um para o quadril e a virilha. Eles têm fendas laterais, cordas para amarração e padrões geométricos nas pernas.

Peças parecidas com calças já haviam sido encontradas na região, mas elas eram mais simples, sem o tecido que une as duas pernas. “Primeiro, os nômades usavam um tipo de calças que tinham apenas as pernas. Depois, surgiram as peças com a costura nas virilhas”, afirma Xu Dongliang, vice-presidente do Instituto de Arqueologia de Xinjiang.

Da Bacia do Tarim, os nômades levaram sua criação para o Oriente Médio e o Leste Europeu. Na Idade Média, as calças se tornaram populares entre os bizantinos, e logo foram adotadas na Europa Ocidental. Por serem práticas e não dificultarem os movimentos, passaram a ser as peças mais usadas pelos homens europeus.