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Conheça mais sobre Bello Horizonte e suas criaturas fantásticas com o livro 'O Serviço de Entregas Monstruosas'

O livro foi publicado pela editora Intrínseca em 22 de junho de 2021

Redação Publicado em 28/01/2022, às 16h09

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Gustavo, personagem de 'O Serviço de Entregas Monstruosas' - Divulgação/ Editora Intrínseca
Gustavo, personagem de 'O Serviço de Entregas Monstruosas' - Divulgação/ Editora Intrínseca

Você já ouviu falar de Bello Horizonte? O nome pode parecer familiar, mas essa cidade é diferente de qualquer outra que você conheça: ela é povoada não só por humanos, mas também por fadas, bruxas, dragões e outras criaturas fantásticas. Um lugar cheio de magia requer um serviço de entregas à altura, e 'O Serviço de Entregas Monstruosas' leva encomendas sobrenaturais usando motos e vassouras voadoras.

Publicado pela editora Intrínseca, o livro 'O Serviço de Entregas Monstruosas' apresenta Bello Horizonte e suas criaturas mágicas pelo ponto de vista de um de seus habitantes mais ilustres: o menino Gustavo, que, além de fazer entregas por toda a cidade, é cientista, pesquisador e pai de um dragão chamado Pudim. No texto abaixo, o próprio garoto explica um pouco mais sobre o que os leitores podem encontrar em sua história:

Texto Sobre as minhas memórias

Por Gustavo, cavalheiro, cientista, estudioso, gênio.

*Traduzido do mineirês por Jim Anotsu

Recentemente eu publiquei o meu primeiro livro de memórias, batizado de O Serviço de Entregas Monstruosas (Editora Intrínseca, 2021). O livro, como eu esperava, foi um sucesso de público e crítica, elogiado como um dos melhores do ano pela mídia especializada — com exceção do Jornal do Feiticeiro Paralelo, mas ninguém dá importância a um jornal escrito por um bando bruxos reprovados na UFMG (Universidade Federal de Magias Gerais). Dá pra acreditar que me chamaram de egocêntrico? Narcisista? Eu? O pai da humildade!

Bem, como falo no livro que o ápice da minha carreira acadêmica seria publicar na respeitada Revista Recreio, cá estou eu, explicando o meu mundo para vocês. Sei que em diferentes universos as coisas acontecem de formas diferentes, então, vou explicar um pouco do que aconteceu no meu para que vocês, pobres coitados de um universo sem magia, consigam entender o meu mundo.

O início: Em 1957 as criaturas mágicas resolveram se apresentar para a humanidade. Foi um Deus-nos-acuda, de repente dragões no céu, bruxas catarrentas e motos voadoras. Para organizar tudo isso um embaixador humano foi escolhido, o presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek. A escolha assim se deu porque ele era um dançarino melhor do que o segundo colocado. E, por causa disso, tudo mudou!

Marcas: No meu mundo, algumas marcas e empresas ainda existem. Você já ouviu falar na companhia aérea Panair do Brasil? Nos carros da Gurgel e de Preston Tucker? Nas novelas da TV Excelsior e da Rede Tupi? Já assistiu ao programa de luta-livre Telecatch? Ou aos novos episódios do Capitão Aza e do National Kid? Já comprou nas Lojas Mesbla ou no Kit Eletro? Algumas dessas marcas, como Excelsior e Panair, foram fechadas pela Ditadura Militar nos anos 1960, mas, como elas existem até hoje no meu mundo, isso significa que nunca tivemos uma ditadura por aqui, ao contrário do seu mundo. É por isso que aqui Wilson Simonal faz sucesso até hoje! Você sabe mais alguma marca que não existe mais no seu mundo?

Linguagem: Nossa escrita também é um pouco diferente por aqui. Por exemplo, eu moro no estado de Minas Geraes, na cidade de Bello Horizonte, no Brazil. Eu sei que no seu mundo houve uma reforma ortográfica que mudou isso e essa escrita ficou muito lá no antigamente, o meu mundo não passou por isso. Eu tenho um amigo, o ilustre mago linguista Helder Futarque, que só fala e escreve que nem antigamente, desse jeito: Ortographia, Pharmacia, huma, mêzes, anno. Quantas palavras antigas você conhece?

Lugares: Aqui, nem os lugares são iguais ao seu mundo, existem diferenças. Já ouviu falar na República Juliana? Em Contagem das Abóboras? Em Santana de São João Acima? Bem, estes são os nomes de alguns pontos conhecidos do meu mundo. A República Juliana é o que as pessoas do seu universo chamam de o Estado de Santa Catarina (que ganhou esse nome, República Juliana, por causa da Revolução Farroupilha, que, no meu mundo, também não deu certo, mas o nome acabou ficando). Contagem das Abóboras é conhecida por vocês como a cidade de Contagem, do lado de BH. E Santana de São João Acima é a cidade hoje conhecida como Itaúna. Até mesmo dentro de Bello Horizonte os nomes de ruas são diferentes. Por exemplo, a famosa Avenida do Rio Paraobepa aqui do meu mundo, onde fica o Mercado Central, no seu mundo trocou de nome. Qual é o nome dessa avenida hoje em dia no seu mundo?

Monstros: Nós temos monstros aqui. Em todo canto do meu mundo existem criaturas mágicas. A Praça da Liberdade é cheia de fadas perigosas, na Lagoa do Nado os ciclopes jogam tênis e, no Estádio do Mineirão, acontecem partidas violentas de monstrobol, o esporte mais perigoso do mundo. As criaturas mais magníficas são os Dragões da Patagônia, mas eles estão quase extintos porque os humanos são burros e os caçaram. Só restam cinco no mundo hoje. Eu, tendo vasta experiência no cuidado de dragões, posso dizer, eles são perigosos e gostam de salsichas.

Vilões: Mas, nem só de coisas boas vive o meu mundo. A maior ameaça é um grupo de gente burra, a Ação Deltalista Brasileira. Antigamente eles eram a Ação Integralista Brasileira, mas com a chegada dos seres mágicos eles mudaram de nome. Eles que algumas pessoas são melhores do que outras e acreditam que todos aqueles que são diferentes — seres mágicos e humanos que discordam deles — precisam sumir. O símbolo deles é a letra grega delta (Δ), que, na matemática, simboliza a diferença. Usam camisas azuis e o lema deles é “Humanos Acima de Tudo”. Eles tinham sumido, mas agora estão de volta. No seu mundo eles ainda existem e odeiam tudo aquilo que é diferente deles.

Mineirês: O idioma falado em Minas Geraes é o mineirês, mas cada lugar tem um mineirês diferente — então, acontece muito de alguém em Bello Horizonte não entender por completo alguém lá de Patos de Minas (uma cidade que contém um número muito pequeno de patos trabalhando em minas). É por isso que precisei contratar o Sr. Jim Anotsu para traduzir o meu livro do mineirês para o português. Será que você consegue traduzir um trecho do meu idioma? Núh, avéi, opcv, silivo meu bomdimais, cabuloso, daquenai, pópegá, de rocha.

E agora, eu, Gustavo — cavalheiro, cientista, estudioso, gênio, etc — tenho um recado importante, uma ordem. Agora que você conheceu um pouco do meu universo, compre o meu livro de memórias, uma obra educativa, que contém um número adequado de piadas, pizzas de catarro e vilões terríveis. Como sou uma pessoa muito humilde, quero me tornar a pessoa mais rica e poderosa do mundo antes do fim do ano, então, compre a minha autobiografia autorizada. O Serviço de Entregas Monstruosas é uma obra importante para a formação de uma criança esperta.

Obrigado!

* A editora do Sr. Gustavo, a fada Strix, diz que não se responsabiliza pelo conteúdo escrito acima pelo autor. E, apesar de afirmações na imprensa, é mentira que o tradutor Jim Anotsu não está sendo pago pelo seu trabalho. Ele recebeu meio pedaço de pão mofado ontem e pôde passear durante vinte minutos. Tratamos os nossos tradutores com respeito e dignidade!

Jim Anotsu é escritor, tradutor, roteirista de cinema, TV e publicidade. Publicado em vários países, incluindo Inglaterra, Alemanha, Polônia, França e Portugal, é autor de A Batalha do Acampamonstro, Rani e o Sino da Divisão e muito mais, assim como contos em coletâneas e revistas. Atualmente trabalha na nova versão cinematográfica do Sítio do Picapau Amarelo e em outros projetos de livros, filmes, seriados e storytelling.

Se você gosta de monstros, leia este livro. Se tem medo, leia também. Monstruosidade mesmo é você não conhecer essa história.” — Thalita Rebouças