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Entretenimento / Harry Potter

As inspirações por trás da história de Harry Potter

Conheça quais foram os mitos, lendas e costumes que serviram de inspiração para a saga 'Harry Potter'

Flávia Ribeiro Publicado em 01/10/2023, às 12h00

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Ronald Weasley, Harry Potter e Hermione Granger em Harry Potter e a Pedra Filosofal (2001) - Divulgação/Warner Bros. Pictures
Ronald Weasley, Harry Potter e Hermione Granger em Harry Potter e a Pedra Filosofal (2001) - Divulgação/Warner Bros. Pictures

Misture crenças da Idade Média e da Idade Moderna, adicione mitologias da Antiguidade e tempere com boas pitadas de invenção: eis a receita do estrondoso sucesso de Harry Potter.

Harry Potter é o bruxinho mais famoso do mundo, certo? Não exatamente. Suas características principais, na verdade, têm mais a ver com as dos magos da Idade Média, que ocupavam lugar de destaque ao lado de reis e rainhas (e nada têm a ver com bruxas que voam de vassoura).

Como o personagem criado pela inglesa J.K. Rowling, os magos medievais também tinham grandes conhecimentos sobre supostos encantos e feitiçarias. A diferença é que a mágica do jovem Harry funciona para valer — não só na ficção, mas no mercado literário e cinematográfico. Os cinco primeiros volumes criados pela escritora venderam 250 milhões de exemplares em todo o mundo, 2 milhões só no Brasil, e foram traduzidos para 62 idiomas.

Os fãs aguardaram ansiosamente durante sete livros para conferir o embate final entre Harry Potter e Lord Voldemort. Durante a saga, Harry usou as habilidades que aprendeu na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Essa instituição fictícia, aliás, nos dá as primeiras pistas de que J.K. Rowling se inspirou em fatos históricos para compor os cenários, personagens e situações de suas tramas.

A milenar Hogwarts ensina a seus alunos os segredos de alquimia, astrologia e cabala, além das artes da adivinhação e dos feitiços e poções. Exatamente como ocorria em Toledo, cidade espanhola que foi a capital moura na Europa e se tornou um centro em que magos aprendiam as chamadas ciências ocultas e buscavam a pedra filosofal, que transformaria qualquer metal em ouro e produziria o elixir da vida.

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Harry Potter durante a aula de poções no filme 'Harry Potter e o Enigma do Príncipe (2009)' / Crédito: Divulgação/Warner Bros. Pictures

Um dos seus mais ilustres alunos foi o suíço Paracelso, que viveu entre o fim do século 15 e o início do 16. Ele afirmava ter aprendido muito com as feiticeiras e, por ter criado remédios e terapias curativas, é considerado um dos fundadores da química e da medicina modernas.

Paracelso é um exemplo de como, apesar de não fazerem mágica, os magos tinham uma grande relevância cultural e social, inclusive por cuidar da saúde das pessoas. "Os magos eram eruditos, estudavam para tentar conseguir intervir nas forças da natureza por meio de segredos e práticas ocultas", diz o historiador Carlos Roberto Figueiredo Nogueira, professor da Universidade de São Paulo e autor de Bruxaria e História: as Práticas Mágicas no Ocidente Cristão.

Além dos magos, ligados à nobreza, havia também as feiticeiras. Personalidades importantes nas comunidades da Idade Média, eram mulheres que conheciam ervas, faziam poções, lançavam feitiços e divulgavam superstições.

Já as bruxas surgiram posteriormente, na Idade Moderna: eram mulheres consideradas participantes de uma seita que tinha pacto com o diabo.

"As bruxas representariam o mal e eram perseguidas e queimadas na fogueira, onde as feiticeiras também acabaram parando. Os magos não, eles continuaram a ser respeitados", diz Nogueira.

Admirador dos livros de J.K. Rowling, o professor Nogueira ressalva que, embora a escritora tenha feito um bocado de pesquisa, muitas vezes foi às fontes erradas. "Harry é um jovem mago, mas usa a vassoura das bruxas e aprende poções de feiticeiras. A autora fez uma colagem de elementos do universo mágico, mas usou coisas do esoterismo que surgiu no fim do século 19, quando apareceu muita fantasia sobre as origens da bruxaria."

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Jogo de quadribol em Harry Potter e o Enigma do Príncipe (2009) / Crédito: Divulgação/Warner Bros. Pictures

Durante as aventuras do mago, J.K. Rowling menciona lendas antigas, como a do alquimista Nicolau Flamel, que no século 14 teria encontrado a tal pedra filosofal e o elixir da vida eterna — em A Pedra Filosofal ele aparece com mais de 600 anos.

Grandes personalidades da história da magia, aliás, são o tema do álbum de figurinhas que faz o maior sucesso entre os estudantes de Hogwarts. Alguns verdadeiros, como Paracelso e o germânico Cornélio Agrippa de Nettesheim (1486-1535) — médico da casa real de Savóia, na França, ele escreveu De Occulta Philosophia, livro que atraiu a atenção dos renascentistas para a cabala e a magia.

Entre as figurinhas, que vêm como brinde nas embalagens de um quitute chamado "sapo de chocolate", há também magos fictícios, como a grega Circe, que usa suas poções na Odisséia, de Homero. E na coleção não poderia faltar Merlin, poderoso conselheiro dos reis britânicos Uther Pendragon e Artur.

Abracadabra?!

O feitiço mais letal descrito nos livros de J.K. Rowling é o Avada Kedavra, usado por Lord Voldemort para matar os pais de Harry Potter (o jovem se torna famoso por ter sido o único a sobreviver a esse encanto, carregando apenas uma cicatriz em forma de raio na testa).

Segundo o escritor David Colbert, que em O Mundo Mágico de Harry Potter analisa mitos e lendas presentes na série, a expressão viria do aramaico abhadda kedhabra, que significava "desapareça deste mundo" e era usada por antigos feiticeiros para curar doenças.

++Leia a matéria completa no site Aventuras na História, parceiro da Revista Recreio.